Paula Pimenta: a autora que nos ensinou a ver as nossas vidas como os nossos próprios filmes de “amorzinho”
- Júlia Zamberlan e Bianca Fávero

- 24 de mai.
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de set.

Nascida em 2 de junho de 1975, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais — cidade onde vive até hoje — Paula Pimenta cultivava um profundo amor pelos livros. Desde a infância, a autora adorava ouvir sua mãe lendo histórias, sem imaginar que, anos depois, seu próprio trabalho se tornaria tão lindo e impactante para a vida de crianças e jovens.
A paixão pela escrita veio bem antes de qualquer pretensão profissional. Tudo começou no momento em que ela aprendeu a ler e a escrever. A partir daí, devorava livros e passou a encher cadernos com poemas para a família inteira, encantando-os com as suas palavras.
Sua avó guardou um dos inúmeros versos escritos para ela, e lhe entregou, já adulta, o qual dizia:
Vovó você é feliz Com seu jeito de atriz E sua bolsa na mão os seus olhos doces doces Umas flores eu te trouxe
Para a autora, pensar e escrever sempre caminharam lado a lado. Havia nela uma necessidade quase visceral de traduzir para o papel tudo o que pulsava dentro de seus pensamentos.
Em sua adolescência, aos 16 anos, fez uma viagem de intercâmbio de seis meses nos Estados Unidos. Quando voltou para o Brasil, iniciou o curso de jornalismo, justamente por gostar de escrever. Ela pensava que redigir textos fictícios era apenas um hobby e que precisaria estudar comunicação para transformar isso em profissão.
Então ela começou a estudar o curso na faculdade, mas lá, percebeu que não queria narrar os fatos imparcialmente. Assim, Paula se transferiu para Publicidade, curso no qual se formou, na PUC de Minas Gerais. Porém, o que ela queria mesmo era ser escritora e contar histórias cheias de amores impossíveis, amizades que salvam o dia, dilemas adolescentes e trilhas sonoras de comédias românticas.
Paula também estudou Música, na UEMG, Teatro, na Companhia de Teatro, deu aulas de violão e técnica vocal por muitos anos e também é compositora. Os seus primeiros textos sérios foram crônicas, publicadas no Crônica do Dia e outras plataformas digitais que surgiram no começo dos anos 2000.
Em 2001, Paula publicou o seu primeiro livro, sendo de poemas, chamado "Confissão". A obra foi uma autopublicação, a qual enviou para revisores e depois procurou uma gráfica para fazer o projeto e dar vida ao exemplar.
Paula também foi para Londres e fez um curso de “escrita criativa”. Em seu tempo livre, recuperou sua história de amor da adolescência e criou "Fani", personagem da série de livros "Fazendo Meu Filme". No livro, Fani, uma adolescente apaixonada por filmes, principalmente os de “amorzinho”, e sonha em ser cineasta, está prestes a viajar para o seu intercâmbio. Porém, no meio do caminho, é surpreendida por seu melhor amigo!
No desenrolar da história, a protagonista descobre muitas coisas e compartilha seus anseios, assim, criando uma conexão entre a personagem e o leitor.
Quando lançou a série "Fazendo o meu filme”, em 2008, a autora não imaginava que Fani, a protagonista, ganharia o coração de milhares de crianças e jovens brasileiros que, como Paula, amavam filmes, diários e paixões platônicas. O livro foi o seu primeiro romance adolescente e a divulgação boca a boca entre os fãs foi o que o transformou em um best-seller.
Mas para o seu lançamento, o processo não foi fácil. Paula enfrentou muitos desafios para conseguir que seu livro fosse publicado. As duas primeiras editoras para quem ela mandou a primeira versão, nem tiveram interesse em ler. A primeira falou que publicaria se Paula pagasse e a segunda falou que o tema era bobo e que não iria agradar ninguém.

Foi só na terceira tentativa, depois de muito convencimento, que a Gutenberg — editora de seus livros até hoje — resolveu dar uma chance para as páginas da escritora sonhadora. Mesmo assim, o processo foi complicado e demoraram quase 2 anos para publicar o primeiro volume da saga.
Nas coleções “Fazendo meu filme” e "Minha vida fora de série” (lançada em 2011), alguns lugares citados, como as ruas ou bairros da cidade em que a história é contada, por exemplo, são reais. De acordo com Paula, os leitores gostam da ideia de ter algo verdadeiro, pois assim, é possível visitar o local mencionado no livro e se sentir parte da narrativa. A autora também se baseou na própria vida para escrever seus livros. Até os diários que escrevia enquanto adolescente viraram fonte de inspiração.
Além disso, cada personagem de seus livros possui alguma característica de pessoas que fazem parte da vida da autora. A Fani e a Priscila, por exemplo, são muito parecidas com a Paula. Além delas, Léo tem algumas características de seu melhor amigo, como o fato de gravar CDs como presente; Gabi e Natália lembram suas melhores amigas de adolescência. Mas cada personagem tem uma personalidade autêntica, assim, não sendo idênticos às pessoas reais.
Paula sempre tenta transmitir aos seus leitores a importância da amizade e do amor. Não apenas como o amor romântico, mas o carinho e compaixão de amigos e família. A autora gosta de enfatizar isso, pois sem esse sentimento ou apoio de quem amamos, nós desistimos dos nossos sonhos mais facilmente. Assim, é importante ter o amor de quem te ama para evoluir e ter coragem para perseguir os seus sonhos.
Após o lançamento de “Fazendo meu filme”, Paula fez muito sucesso e vem encantando leitores jovens por todo o país e também pelo mundo. Suas histórias já foram publicadas em Portugal, Espanha, Itália e toda a América Latina.
Em 2012, a autora publicou o livro "Apaixonada por palavras", uma coletânea de crônicas e após dois anos, vendo o sucesso do livro com o público, lançou um novo livro, também de crônicas, chamado "Apaixonada por histórias".
Em 2014 também lançou "Fazendo meu filme em quadrinhos" e "Princesa Adormecida", sendo o primeiro livro da série "Princesas”. A trilogia é uma releitura moderna das histórias da Bela Adormecida, Cinderela e Pequena Sereia.
A autora é um fenômeno da literatura infantojuvenil brasileira. Ela foi incluída na coletânea “O Livro das Princesas”, ao lado de Meg Cabot, autora da série “O Diário das Princesas”, livro que deu origem ao filme com Anne Hathaway, também foi escolhida pela revista Época como um dos 100 brasileiros mais influentes em 2012, e em 2014 foi a autora que mais vendeu livros no Brasil, segundo o ranking da PublishNews. Atualmente, são mais de 2 milhões de exemplares vendidos e quatro de seus livros já foram adaptados para o cinema.
Paula Pimenta nasceu com o dom da escrita, em que sentimos um carinho e conforto ao ler suas palavras. E esse dom transformou a vida de crianças e jovens para melhor, ensinando aos seus leitores, não apenas a ver nossas vidas como nossos próprios filmes e séries de “amorzinho”, mas principalmente a não desistir dos nossos sonhos e a acreditar em nosso potencial.








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